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QUASE MEMÓRIA

QUASE MEMÓRIA traz no elenco Tony Ramos, Charles Fricks, João Miguel, Mariana Ximenes e Antonio Pedro. Leia a crítica escrita por nossa enviada à cabine de imprensa!

Andrea Vicente Nonato

Publicado em

Cena de "Quase Memória" Créditos da Imagem: Globo Filmes/Pandora Filmes

Cena de “Quase Memória”
Créditos da Imagem: Globo Filmes/Pandora Filmes

O que você diria a você mesmo(a) se essa reunião fosse possível? Em QUASE MEMÓRIA, filme dirigido por Ruy Guerra, Carlos (Charles Fricks), em sua versão mais jovem, passa por essa experiência ao encontrar-se consigo, já velho e castigado pela doença (personagem vivido por Tony Ramos).

A realidade das duas versões é mostrada em datas importantes: Carlos aos 44 anos, voltando de um dia cansativo de trabalho em 13 de dezembro de 1968, data em que foi decretado o famigerado Ato Inconstitucional número 5, e o Carlos idoso no futuro, na casa dos 70 anos, no dia em que morreu o piloto Ayrton Senna, em 1º de maio de 1994. A partir desse encontro, dá-se o início das tensões e buscas pelas memórias de seu denominador comum, o pai.

O filme foi adaptado do livro homônimo de Carlos Heitor Cony, belíssima obra de teor biográfico, ganhadora do Prêmio Jabuti de Melhor Romance em 1996. Esse romance, que fala da cumplicidade e do amor incondicional entre pai e filho, explora as memórias reminiscentes do autor sobre o pai já falecido.

Achei muitíssimo interessante esse “diálogo” entre as versões, que não há no livro. Assim, se dá um resgate de lembranças, o que tornou o filme imensamente reflexivo. A importância da memória é discutida de forma contundente, mostrando um jovem Carlos confortável com a infância vivida, o encantamento com o pai que acreditava em tudo e nunca desistia, ao passo que, já velho, torna-se visível a luta interna para lembrar-se dos detalhes, demonstrando a falta de clareza e o medo de perder a “quase memória” que resta.

Tony Ramos é, de longe, o destaque no elenco. João Miguel, que vive o pai Ernesto, é caricato em demasia, o que me causou grande decepção, por ter lido a obra e me encantado com a inteligência e resiliência do velho. Charles Fricks atua de forma mecânica, pouco natural, parecendo desconfortável com o papel. Mariana Ximenes, que interpreta a mãe de Carlos, conseguiu captar toda a beleza e força da personagem, deixando a forte impressão de ter sido pouco aproveitada na história.

Na entrevista coletiva que foi concedida após a exibição do filme, Ruy Guerra falou sobre as dificuldades financeiras enfrentadas pela produção ao longo do projeto. Foram mais de dez anos para tirar o projeto do papel e mais três para lançá-lo depois de filmado. Mas a história se perdeu não só pelas adequações orçamentárias (que são patentes), mas pela atuação assumidamente teatral de todo o elenco, tornando o filme enfadonho.

QUASE MEMÓRIA estreia HOJE, 19 de abril, nos cinemas.

Sinopse

Carlos se encontra consigo mesmo em um desdobramento do tempo, o Carlos jovem está diante do esquecimento de Carlos velho. Até que um dia, entre as lembranças e esquecimentos de suas memórias, eles recebem um estranho pacote que só poderia ter sido enviado por seu pai, morto há anos, um homem genialmente louco que sempre criou situações inusitadas.

Ficha Técnica

Diretor: Ruy Guerra
Produtora: Janaina Diniz Guerra
Roteiro: Ruy Guerra, Bruno Laet e Diogo Oliveira
Diretor de Fotografia: Pablo Baião
Diretor de Arte: Marcus Figueiroa
Produtor Associado e Diretor de Produção: Fernando Zagallo
Produtora Executiva: Gisela Camara
1º Assistente de Direção: Dandara Guerra
Produtor de Elenco: Fabio Meira
Som Direto: Evandro Lima
Figurino: Tatiana Rodrigues
Maquiagem: Lucila Robirosa
Produtores Associados: J. Sanz Produção Audiovisual, Zaga Filmes, Tacacá Filmes
Produção: Kinossaurus Filmes
Coprodução: Globo Filmes
Patrocínio: BNDES, FSA, Petrobras, Eletrobras, Riofilme, Oi Futuro, Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro
Filme realizado utilizando recursos do Fundo Setorial do Audiovisual/ Ancine
Apoio: Polo Audiovisual de Barra do Piraí
Ano: 2015
Gênero: Dramédia
Classificação: 12 anos

Sobre o Diretor

Mais conhecido pelo seu trabalho como cineasta, Ruy Guerra já exerceu outros papéis, entre eles ator, letrista, escritor, roteirista, montador e professor. Moçambicano de nascença e um homem do mundo por opção, já viveu em vários países, entre eles, Portugal, Espanha, Grécia e Cuba. A formação em cinema foi no Institut des Hautes Études Cinématographiques, em Paris, entre 1952 e 1954. Chegou ao Brasil em 1958 e lançou seu primeiro longa-metragem “Os Cafajestes”, em 1962, exibido no Festival de Berlim de 1963. Como cineasta, somam-se cerca de 8 curtas-metragens e 14 longas, tendo recebido dois Ursos de Prata no Festival de Berlim por “Os Fuzis”, em 1964, e “A Queda”, em 1978. Participou dos mais importantes festivais do mundo – Cannes, Berlim, Veneza, Rotterdam, Toronto, entre vários outros, e recebeu mais de 60 prêmios, no Brasil e no exterior. Seu filme “Os Deuses e os Mortos” foi eleito, pela prestigiada revista Cahiers du Cinema, como um dos sete melhores filmes do ano de 1971, e “Os Fuzis” foi eleito, pela mesma revista, como um dos dez melhores filmes da história do cinema. Seu último filme é “O Veneno da Madrugada”, uma coprodução Brasil, Argentina, Portugal, premiado nos festivais de Brasília, de Havana e de Santa Cruz de la Sierra, e exibido nos festivais de San Sebastian e Biarritz, entre outros. Como ator, seu último trabalho é a participação em “Sangue Azul”, de Lírio Ferreira, em 2014.

Sobre a Kinossaurus

A Kinossaurus é uma sociedade entre o cineasta Ruy Guerra e a produtora e diretora Janaina Diniz, que se lança ao desafio de explorar a linguagem audiovisual com objetivo de trazer produtos criativos ao grande público.

Sobre a Globo Filmes

Desde 1998, a Globo Filmes já participou de mais de 240 filmes, levando ao público o que há de melhor no cinema brasileiro. Com a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria audiovisual nacional, a filmografia contempla vários gêneros, como comédias, infantis, romances, documentários, dramas e aventuras, apostando na diversidade e em obras que valorizam a cultura brasileira. A Globo Filmes participou de alguns dos maiores sucessos de público e de crítica como, ‘Tropa de Elite 2’, ‘Minha Mãe é uma Peça 2’ – com mais de 9 milhões de espectadores -, ‘Se Eu Fosse Você 2’, ‘2 Filhos de Francisco’, ‘Aquarius’, ‘Que Horas Ela Volta?’, ‘O Palhaço’, ‘Getúlio’, ‘Carandiru’ e ‘Cidade de Deus’ – com quatro indicações ao Oscar. Suas atividades se baseiam em uma associação de excelência com produtores independentes e distribuidores nacionais e internacionais.

Sobre a Pandora Filmes

A Pandora Filmes é uma distribuidora de filmes de arte, ativa no Brasil desde 1989. Voltada especialmente para o cinema de autor, a distribuidora buscou, desde sua origem, ampliar os horizontes da distribuição de filmes de arte no Brasil com relançamentos de clássicos memoráveis em cópias restauradas de diretores como Fellini, Bergman e Billy Wilder, e revelações de nomes outrora desconhecidos no país, como Wong Kar-Wai, Atom Egoyan e Agnés Jaoui.

Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora Filmes sempre reserva espaço especial para o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos. Dentro desse segmento, destaca-se o recente “Que Horas Ela Volta”, de Anna Muylaert, um grande sucesso, visto no cinema por mais de 500 mil espectadores.

Andrea Vicente Nonato escreveu como convidada para a POLTRONA DIGITAL.

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