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ENTREVISTA COM DEUS

ENTREVISTA COM DEUS é um filme para ser visto com atenção, mesmo por aqueles que não professam qualquer religião, ou ateístas, e para aqueles que interpretam de forma equivocada os princípios bíblicos.

Arnaldo Freitas

Publicado em

Brenton Thwaits e David Strathairn em “Entrevista com Deus”
Créditos da Imagem: Imagem Filmes

ENTREVISTA COM DEUS inicia com o clímax da desavença entre um casal, o que será o pivô da separação entre eles.

Paul (Brenton Thwaits) é um jornalista que teve de ausentar-se para cobrir a Guerra do Afeganistão, e essa é motivação para que sua companheira Sarah (Yael Grobglas) exija a separação, com isso, escondendo-se na traição que cometera.

O filme não conta com nomes conhecidos do grande público, apenas o sessentão David Strathairn (que interpreta Deus), o qual aparece em grandes filmes como “Lincoln”, “O Rio Selvagem”, e “Boa Noite e Boa Sorte”.

Já o jornalista Paul  terá a grande oportunidade de sua vida em estampar a manchete de primeira página para o jornal em que trabalha, pois entrevistará ninguém mais, ninguém menos, que Deus.

Então, aguça a nossa curiosidade saber qual pergunta mais empolgante que seria feita a Deus se fossemos um de nós a entrevistá-lo.

A princípio, seria uma concepção utópica ou pretensiosa. Afinal, não se trata de uma entrevista com um vampiro, mas sim com uma Divindade (aliás, essa alusão é feita pelo próprio Deus, em dado momento da entrevista).

É um filme bem dirigido e, especialmente, com diálogo adulto, porém, peca em mostrar entrevistador e entrevistado invertendo os seus papéis, deixando confuso quem realmente entrevista quem.

Na verdade, é como se existisse o “segundo eu” (alter ego) na pessoa do entrevistador.

Enquanto Deus se mostra afável e consciencioso, existe uma luta interna na pessoa do jornalista, que, no auge de uma crise existencial pela desilusão amorosa, perde-se na postura educada, quase agredindo fisicamente à pessoa de Deus.

Dentre as regras para a entrevista, está em que ela seja feita em três etapas, sempre em locais designados por Deus, como a nos fazer observar que Ele (Deus) está sempre no comando das ações.

O primeiro encontro acontece em uma pracinha, onde Deus o aguarda sentado à frente de um tabuleiro de xadrez com as peças em ordem para o início de uma disputa que jamais acontece, mas que subtende-se como sendo a materialização de uma parábola protagonizada em uma partida de xadrez.

E tendo Deus sempre no comando.

O segundo encontro ocorre em um templo vazio, onde Deus o espera no púlpito, como querendo transmitir que ali, de fato, é a sua casa, que todo respeito deve ser demostrado, e que ele deve desarmar-se de toda raiva para estar em sua presença. E que outros assuntos (que não os da entrevista) devem ficar à margem das discussões, salvo os da sua vontade.

Já o terceiro encontro dá-se em um ambiente de completa submissão do entrevistador, que, ainda sem respostas aos seus questionamentos, não aceita que Deus seja conhecedor das dores que afetam os seus sentimentos, manifestando revolta perante a Divindade, alegando ter agido dentro dos princípios da fé e praticado orações.

Diferente de outros filmes que abordam o tema, ENTREVISTA COM DEUS mostra questionamentos do nosso quotidiano, como amor, fé, salvação, morte, empatia, perdão, tempo e livre-arbítrio.

O que somos… nossas escolhas… as interferências.

ENTREVISTA COM DEUS também trata dos predicados dos quais se revestem a Divindade, como onipotência, onipresença e onisciência.

Isso vemos quando a Deus é perguntado quanto é “2.427 x 648”, e a resposta dá-se rápida e de forma concreta (e, mais tarde, em casa, quando Paul usa a calculadora, deve ter pensado: “É… o velhinho está certo…”.

Ou quando Deus, conhecedor de que Paul tinha um latente desejo de suicídio, preconizou sua morte, fato que aconteceria se assim se materializassem as circunstâncias, pois Ele (Deus) não interferiria na escolha feita.

Afinal, morrer é uma das prerrogativas que estão inseridas na essência da vida, apenas não sabemos QUANDO nem COMO.

ENTREVISTA COM DEUS é um filme para ser visto com atenção, mesmo por aqueles que não professam qualquer religião, ou ateístas, e para aqueles que interpretam de forma equivocada os princípios bíblicos.

Pois, se no passado, Deus já usou de um dilúvio como corrigenda aos seus filhos e para que se guiassem dentro de uma nova perspectiva, hoje, diante de bilhões de almas viventes e que acumulam perturbações de toda ordem no relacionamento com Deus, uma catástrofe daquela monta e natureza não surtiria os efeitos desejados diante da evolução já alcançada pelo homem.

É como se o filme discorresse sobre a nossa pequenez e mostrasse quem é criador e dono de todas as coisas.

ENTREVISTA COM DEUS é distribuído pela Imagem Filmes, e estreou no Brasil dia 15 de novembro.

Sinopse

Após cobrir a guerra do Afeganistão, o jornalista Paul Asher (Brenton Thwaites) retorna para casa, com a sua fé abalada. Completamente sem esperanças, Paul se vê diante do maior desafio da sua vida profissional: entrevistar um homem misterioso que diz ser Deus (David Strathairn). Em conflito com suas crenças, ele agora se encontra diante da seguinte questão: O que perguntar a Deus?

Ficha Técnica

Direção: Perry Lang
Roteirista: Ken Aguado
Produtores: Ken Aguado, Fred Bernstein, Rick Jackson, Lisa M. Jean, Paul Kurta, Claudine Marrotte, Harrison Powell, Dominique Telson
Música: Ian Honeyman
Edição: Steve Jacks, Jamie Kirkpatrick
Direção de Arte: Angela Cullen

Arnaldo Freitas é comerciante aposentado e crítico de cinema convidado da Poltrona Digital.

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