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A ESPOSA

Confira a crítica de nosso convidado à cabide de imprensa de A ESPOSA, com Glenn Close e Jonathan Pryce. Aqui, na POLTRONA DIGITAL!

Arnaldo Freitas

Publicado em

Pôster de “A Esposa”
Créditos da Imagem: Pandora Filmes/Alpha Filmes

A ESPOSA, embora ambientado nos anos 50 (época em que imperava o conceito do homem machista e da pouca valorização da mulher), conta uma história que bem poderia ocorrer dos dias de hoje, conquanto alguns detalhes sofreriam a influência da evolução feminina nas últimas décadas, em especial, o empoderamento feminino.

Adaptado do livro homônimo, A ESPOSA traz interpretações grandiosas de todos os personagens, destacando-se Glenn Close no papel de Joan Castleman, esposa de Joe (Jonathan Pryce), em uma performance perfeita (como perfeita ela sempre foi em Atração Fatal, Ao Entardecer, 101 Dálmatas, e o meu preferido Ligações Perigosas), que a condiciona, no alto dos seus 71 anos, a ser favoritíssima ao Oscar® 2019. Aliás, reparando-se mais uma das incontáveis injustiças da Academia, conquanto concorrendo por seis vezes à famosa estatueta.

Falar de A ESPOSA sem descrever suas cenas seria um exercício que desafia a qualquer crítico.

De início, a sublime e inédita comemoração (típica de quando a criança ganha seu brinquedo) quando o telefone toca no meio da noite e, do outro lado da linha, nada mais nada menos, a salutar notícia da escolha de Joe Castleman como ganhador do Nobel de Literatura daquele ano.

A partir daí, uma sucessão de fatos que vão revelar quem é quem em cada membro da família:

Ela, Joan, esposa e ex-aluna de Joe Castleman (em um desempenho espetacular de Pryce, e que faz jus a também ser indicado ao Oscar®), que enobrece cada cena como uma mulher cúmplice, amargurada, perceptiva, destemida, de caráter forte e que sofre de um oculto enciumamento pelo sucesso do marido, dentro de um relacionamento movido pelo desgaste da infidelidade dele e de um amor questionável dela (até o fim ele duvida daquele amor anêmico), em que ambos são vítimas que se autoaceitam nas suas culpas mal assumidas.

Ele, Joe, um escritor separado da primeira mulher; um “pegador” que exerce a poligamia como sendo “comer pão com manteiga”, que vê na atual esposa um “filão” a ser explorado e que o levará a dar vida ao seu “céu de brigadeiro” e de “pássaros em revoada”, fazendo-o sonhar com os píncaros da glória, mas, que, nas entrelinhas, mostra-se um velhaco que sabe, às vezes, ser cordial e maduro no trato das questões, porém, acautelando-se em revelar a sua dependência para com a esposa, fonte literalmente criadora e produtora da inspiração de suas obras literárias.

Isso vemos quando quis enaltecer o nome dela no momento do discurso ao receber a premiação.

Depois, na subsequência, em um ímpeto incontrolável (único momento que deixou de ser Joe), o filme mostra a cena em que às vezes um prêmio não é tudo, quando perdemos alguma coisa pelo caminho.

Também vemos o lado de um filho (iniciando-se como escritor), revelando-se ressentido e até com algum ciúme do pai, em um relacionamento paterno do qual teima ausentar-se, desprezando uma hierarquia que deveria existir não por uma questão fundamentada em algum conceito social, mas no bom senso, quando se trata do respeito de um filho para com um pai.

Sem contar o personagem do jornalista (Christian Slater), impertinente (como a grande maioria dos jornalistas), que quer escrever a biografia de Joe, e para isso, devassar sua vida, exumando o seu passado e o da sua esposa, usando de meios nada convencionais e até inescrupulosos.

Então, temos em A ESPOSA um filme daqueles que nos faz pensar e repensar de quantas verdades se escondem na ambiguidade de um relacionamento. E que, excetuando-se pelo gênero, inexiste qualquer regra para que um homem se sobreponha à mulher. E, mesmo existindo, e ela se superando dessa submissão à qual se escraviza, a regra tornar-se-ia obsoleta.

Um filme a ser recomendado.

Sinopse

Enquanto viaja para Estocolmo com o marido, que receberá o Prêmio Nobel de Literatura, Joan (Glenn Close) questiona suas escolhas de vida. Durante os 40 anos de casamento, ela sacrificou seu talento, sonhos e ambições, para apoiar o carismático Joe (Jonathan Pryce) e sua carreira literária. Assediada por um jornalista (Christian Slater) ávido por escrever uma escandalosa biografia de Joe, agora Joan enfrentará o maior sacrifício de sua vida e alguns segredos há muito enterrados finalmente virão à tona.

Ficha Técnica

Título: A Esposa (original: The Wife)
Ano de Produção: 2018
Direção: Björn Runge
Elenco: Glenn Close, Jonathan Pryce, Christian Slater, Max Irons, Elizabeth McGovern
Estreia: 10 de janeiro de 2019
Duração: 100 minutos
Classificação 14 – Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero: Drama

Distribuição: Pandora Filmes, Alpha Filmes
Países de Origem: EUA, Suécia

Agradecimentos: Pandora Filmes

Arnaldo Freitas é comerciante aposentado e crítico de cinema convidado da Poltrona Digital.

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