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[Crítica] O horror e as belas imagens – A Colina Escarlate

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A Colina Escarlate

Muitas coisas aconteceram no período em que o Reino Unido era regido pela rainha Vitória. Algumas muito ruins; outras, nem tanto. De nosso imaginário, ao buscarmos referências dessa era, emergem cenas da burguesia luxuosa, do ópio e outras drogas, mas, acima de tudo, de morte e do horror gótico, tão em voga na época!

Nada a se estranhar, se levarmos em consideração a baixíssima expectativa de vida, que acabava criando maior proximidade com a morte, ocasionando a proliferação de sessões espíritas e de um enorme desejo de se fazer contato com os fantasmas dos entes queridos.

E eis que surgem duas joias da sétima arte exaltando a beleza do horror vitoriano: o filme A Colina Escarlate e o seriado Penny Dreadful. Como disse o poeta inglês John Keats:

“Beleza é verdade, verdade é beleza – isso é tudo o que conheceis sobre a Terra, e é tudo o que precisais conhecer.”

Assistir ao belíssimo filme de Guillermo Del Toro é uma experiência que nos afeta de maneiras diferentes. Uma rápida olhada na Internet denota que a opinião de críticos e do público é diversa; alguns torcem o nariz para a previsibilidade do roteiro, outros reclamam do suspense ou da falta dele. Impossível negar, contudo, a beleza das imagens desse suspense sobrenatural, que se passa, inicialmente, nos Estados Unidos e depois na Inglaterra, na virada do século 19 para o 20.

A plasticidade das cenas é algo verdadeiramente impactante desde o comecinho até o final. E, não somente por se tratar do clássico terror vitoriano cheio de fantasmas e de figurinos maravilhosos, mas também por toda a simbologia metafórica contida ali. O vermelho-sangue predomina: da argila vermelha que repousa sob a mansão dos irmãos Sharpe – e emerge na hora certa! – ao anel escarlate que liga as duas personagens femininas (irmã e esposa) ao misterioso Sr. Thomas Sharpe (Tom Hiddleston [Thor]). A fantástica textura e as diferentes cores da construção decadente, com um buraco no teto, que permite às folhas e à neve percorrerem um longo caminho até chegarem ao chão; os infinitos corredores cheios de sombras e os segredos escondidos atrás de cada porta, trancados quase que literalmente a sete chaves; a iluminação bruxuleante das velas, enfim, a direção de arte e a fotografia do filme são simplesmente perfeitas.

Edith (Mia Wasikowska [Alice nos País das Maravilhas]) quer ser escritora e, antes de se casar com Thomas e ser assombrada pela cunhada Lucille (Jessica Chastain [Perdido em Marte]), escreve um romance em que coloca os fantasmas como metáforas de seu passado, recusando-se a produzir uma história de amor. Ela não quer ser comparada a Jane Austen; prefere o romance gótico de Mary Shelley – e talvez acabe por fazer seu próprio livro de horror, a partir dos episódios vividos em Allerdale Hall, a mansão que fica no topo da Colina Escarlate, e que se converte em importante personagem da trama.

 

Assista ao trailer!

A Colina Escarlate (Crimson Peak) (2015)
País: EUA
Classificação: Livre
Estreia: 22 de Outubro de 2015
Duração: 1h59min
Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro
Elenco: Charlie Hunnam, Jessica Chastain, Tom Hiddleston, Mia Wasikowska, Doug Jones, Burn Gorman, Jim Beaver

(leia, também, o artigo O horror e as belas imagens 2 – Penny Dreadful)

Colaboração: Luciana Fátima

Luciana Fátima é escritora, fotógrafa e professora de inglês, e escreveu como convidada para a POLTRONA DIGITAL.

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