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MEU QUERIDO FILHO

MEU QUERIDO FILHO é um filme exemplar que traz uma mensagem para que os pais sejam mais atentos aos filhos em uma época de demandas tão diversificadas.

Arnaldo Freitas

Publicado em

Pôster de “Meu Querido Filho”
Créditos da Imagem: Pandora Filmes

Quando temos um filme como MEU QUERIDO FILHO desfilando aos nossos olhos, ficamos meio perdidos para uma crítica analítica de maior profundidade, não porque o filme enseje esta opinião, mas, porque, mesmo sendo um drama dos tempos modernos, talvez tenha chegado um pouco tardiamente ao cinema, considerando que o enfoque que atende ao roteiro divide-se em duas situações distintas que se fundem (como em uma simbiose), vividas por uma mesma dependência emocional

Além disso, ainda se imiscui no caráter das famílias dos dias atuais quanto à sua formação social como família propriamente dita, bem como aspectos até de religiosidade.

Isso vemos na cena em que a autoridade pergunta para a mãe e para o pai se eles rezam, ao que ela responde “Sim” e ele (o pai) responde “Não rezo mais”. E isso nos leva a querer atribuir que os males pelos quais padecemos, ou de quando nos acontece algo de ruim, sejam correlacionados à fé.

Se, de um lado, temos um jovem de classe média atulhado de tarefas para o vestibular que se avizinha, convivendo com traumáticos episódios de enxaqueca e que promovem uma onda de preocupações aos seus pais, sempre amorosos e excessivamente (em especial o seu pai – quase um “papai-babá”) atenciosos, a ponto de interferir no relacionamento familiar; por outro lado, temos esse mesmo jovem de nome Samir Said (Mohamed Dhrif) vivendo uma acanhada adolescência nos seus 19 anos de idade, ainda virgem, introspectivo, inseguro, mas que, mesmo assenhorado nesse perfil, na escola demostra ser mais “solto” com um pequeno grupo de amigos, não mais sendo aquele jovem carente e dependente que se apresenta no convívio com os pais.

E entre idas e vindas a médicos à procura de um diagnóstico que aliviem os seus sintomas, Samir, sem que seus pais percebam, um dia desaparece.

Começa então, uma nova fase de MEU QUERIDO FILHO, que bem delimita o drama. Se até então focava em um Samir paparicado, agora, um novo rumo é dado à trama, empurrando o seu velho pai sessentão (agora já aposentado do seu trabalho no cais do porto) para uma verdadeira odisseia ou quase obsessão para descobrir o paradeiro do filho querido.

E, dentro dessa obsessão (que poderia ser melhor explorada pelo diretor Mohamed Ben Attia, trazendo maior impacto, dramaticidade e emoção ao filme), o velho pai, redobrando sacrifícios, vende seu velho carro, atravessa fronteiras e se empenha questionando e investigando o paradeiro de seu filho.

Em dado momento, enquanto hóspede em um hotel de fronteira, ele se revolta com a atitude do filho (que acha foi influenciado), e relata para o recepcionista que ele é quase uma criança nos seus 19 anos, e ainda não sabe o quer da vida, ao que o recepcionista lhe pergunta: “E o que você queria quando tinha seus 19 anos?”.

Temos, então, uma resposta fria e concreta, que bem distingue as gerações, quando ele responde: “Eu queria trabalhar… casar… ter uma família”.

E o recepcionista retruca: “Hoje, eles querem bem mais que isso, mas não sabem o quê”.

Então, define-se nesse improvável reencontro questões como o preço do sacrifício paterno, o questionamento do porquê perder um filho para o radicalismo fundamentado na fé, quando esta é o elo que mais nos aproxima de Deus, mas que está se perdendo na sua essência, o porquê de um Deus que permite uma “dolorosa injustiça” a uma família de bem, o quanto está se deteriorando o sentimento de gratidão dos filhos para com os pais, conquanto o amor abnegado ofertado.

No final, previsível sob quaisquer aspectos que MEU QUERIDO FILHO possa ser imaginado como salutar (quando já sabemos o destino dos que migram para se tornar um mujahid), resta apenas uma mesma síntese da história a ser contada, amiúde, outras similares aconteçam.

Então, MEU QUERIDO FILHO é um filme exemplar e que, embora tardiamente, traz uma mensagem para que os pais sejam mais atentos aos filhos numa época de demandas tão diversificadas.

MEU QUERIDO FILHO tem estreia prevista para o dia 03 de janeiro de 2019.

Sinopse

Na Tunísia atual, o filme retrata a família de Riadh, um homem que está prestes a se aposentar. Ele e a esposa, Nazli, tem as atenções voltadas para o único filho, Sami, que está se preparando para os exames do ensino médio. Mas as rotineiras crises de enxaqueca do jovem deixam o casal sempre em alerta. Quando tudo parece estar melhor, Sami desaparece de repente.

Ficha Técnica

Título: Meu Querido Filho (Original: Weldi)
Ano de Produção: 2018
Direção: Mohamed Ben Attia
Estreia: 3 de janeiro de 2019
Duração: 104 minutos
Classificação 12 – Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero: Drama
Países de Origem: Bélgica, França, Tunísia

Agradecimento: Pandora Filmes

Arnaldo Freitas é comerciante aposentado e crítico de cinema convidado da Poltrona Digital.

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